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quinta-feira, agosto 26, 2010

Show na fila

Foi no supermercado, sempre lá.
Eu na fila, com minha (des)forma física dos últimos tempos, e o cliente atrás de mim também usando muito mais compasso do que régua na composição corporal.
No caixa, um homem. Embalando, outro homem. O caixa - franzino, espinhudo, tímido. O embalador – marrudinho, com bíceps à mostra e ar debochado.
Visualizaram a cena?
Pois quando comecei a colocar as minhas compras na esteira, o embalador começou a cantarolar. Depois de um pouquinho, começo a prestar atenção na letra de Roberto Carlos: “seus netos vão lhe perguntaaaaar em poucos anos... Pelas baleeeias que cruzavam os oceaaaaaanos”...
Deu um plim no juízo de que o negócio era proposital, mas vai que era mania de perseguição de gorda neurótica, então fiquei na minha.
Daí o cara terminou o trechinho e engatou outra música: “os animal tem uns bicho interessante, imaginem só como é a tromba dos elefantes”...
Bateu a ziquizira em mim e eu virei pra ele, sorrindo, e disse:
“Se você não quiser que eu chame o gerente pra reclamar de você agora, vai cantar uma musiquinha em homenagem a outro bicho, o veado”.
E o caixa e o cliente ficaram rolando de rir e fazendo corinho enquanto ele, engasgado, executou de cabeça baixa o Robocop Gay.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Mais uma de ônibus


Estou bem distraída, voltando com Leo do obstetra, quando ouço a pérola: "Ah, eu não pude sair porque precisei ajudar minha mãe. Ela fez uma vasectomia ontem". Olhei pra trás no mesmo instante, contendo o riso ao me deparar com um grupinho de três adolescentes de uns 11, 12 anos. O filho do fenômeno ainda completou: "Coitada, ela passou o dia todo dormindo. Vocês sabem que vasectomia deixa a gente mole, não é?"

sábado, dezembro 02, 2006

Presepadas profissionais...

Hoje eu ia passando pela praça, aqui perto de casa, e encontrei Paulão. Há quase dez anos que não o via. Era meu colega de faculdade, nas disciplinas que acabei cursando junto com a turma de Rádio e TV de 1990.2, que me adotou. Se eu tivesse pensado melhor, tinha apontado Paulão como responsável por um dos maiores micos por que já passei na vida. Enfim, nunca é tarde para relembrar...
Depois de ter sido irresponsavelmente reprovada em EPB, de tanto gazear aula para ouvir Siba e grande elenco tocarem violão nos corredores do CAC, fui cursar a disciplina de manhã, para não atrasar meu curso. O professor queria que apresentássemos um seminário, e meu grupo, formado por meninos do primeiro período cheios de vontade de produzir, resolveu fazer um vídeo discutindo a questão da "Pena de Morte".
A gente era uma turminha muito afoita, devo admitir. Como a UFPE não permitia que saíssemos com a filmadora sem um técnico responsável, e como o técnico irresponsável não trabalhava no fim de semana, pegamos a máquina da minha mãe emprestada, montamos um pau-de-luz improvisado com uma vara de goiabeira e uma lâmpada de 500W e saímos em campo. Uma das entrevistas mais importantes que conseguimos agendar foi com o ex-arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara.Além de Paulão e de mim, em nossa equipe estavam Paula, Ricardo e Ulisses - esse foi o embrião da futura Pruma, produtora com muitas histórias. Como todos os outros faziam Rádio e TV e eu, além de estudar Jornalismo, estava um semestre à frente deles, fiquei encarregada de comandar as perguntas, enquanto cuidavam da produção. E foi um verdadeiro desastre.
Entramos na Igreja das Fronteiras, onde Dom Helder morava, na Casa Paroquial. A primeira providência dos meninos foi enganchar um fio na xícara onde estava o chá do pobre do velho, e derrubar em cima de uma beata que estava com ele. Paulão (1,90m, 150kg) gritava feito um louco - "Ulisses, caralho! Sobe esse pau que ele tá aí é pra subir mesmo" - enquanto uma freirinha se benzia. Mais adiante, acho que pediu para o entrevistado levantar as mãos para o céu - "Dom Helder, faça aquela posiçãozinha que o senhor gosta de fazer" - mas ele nem se mexeu. A vergonha foi se acumulando e, no fim, eu pedi desculpas. "Dom Helder, nos perdoe, ainda estamos começando", etc, etc. A beata que estava com ele retrucou com ar irônico - "já começaram bem, hein?" - mas a gente ainda poderia ter se retirado com alguma dignidade, se Paulão não resolvesse contribuir. Enquanto o santo senhor dizia que eu não me preocupasse, que ele já estava acostumado com jornalista etc e tal, o jumento achou de interromper. "Pode deixar, Dom Helder. Se o senhor ainda estiver vivo quando a gente se formar, a gente vem lhe entrevistar outra vez".
Apesar dos pesares, o vídeo ficou até bonitinho, perfeito como trabalho amador de uma turma de primeiro período que queria ilustrar um seminário de EPB. Mas Paulão ficou encantado com a obra-prima. Eliminou os créditos originais (que, com todo defeito, eram bons; demonstravam o talento latente de Ricardo, hoje um editor maravilhoso, e combinavam com a luz e movimento meio toscos do filme inteiro) e substituiu por umas ceninhas cor-de-rosa, florzinhas, cascatas, cachorrinhos, com a música "What a Wonderful World", de Louis Armstrong. Que porra tinha a ver aquele mundo maravilhoso de Walt Disney com a pena de morte, nenhum dos outros quatro conseguiu entender. Mas a megalomania de Paulão não tinha limites: ele começou a inscrever o vídeo em tudo que foi mostra da cidade. E, claro, o nome da gente aparecia piscando no fim da grande obra. O desespero foi ao auge no dia em que ele confessou que ia mandar uma cópia para Jô Soares. Aí Paula, que é a mais mala sem alça de todos nós, pediu a matriz emprestada e, 'sem querer', aplicou a punição capital à "Pena de Morte".
Em seguida, eliminamos Paulão da jogada e agregamos André ao grupo, transformando-o numa produtora. Tínhamos vários grandes trabalhos em mente, mas só realizamos filmagens de festinhas de aniversário. A primeira, não esqueço: era de Allanzinho e Karolinny. Loucos pra comer brigadeiro, fomos os cinco (!) participar da filmagem. Sem nada no bucho, que era pra aproveitar. Que ilusão. Ninguém nos ofereceu coisa nenhuma. Já no fim da festa, com a garganta seca e o olho doendo depois de segurar o pau de luz por três horas seguidas, eu pedi um copo de água à dona da festa, que ficou com vergonha e me deu guaraná. Na ilha de edição, entre (d)efeitos especiais de aviõezinhos e corações e o som terrível do Xou da Xuxa, a gente só via os closes que Ricardo, o câmera oficial, deu a noite toda na bandeja das coxinhas. A Pruma não rendeu dinheiro, mas grandes amizades e boas histórias. Uma das melhores foi quando Tom Jobim veio a Recife - salvo engano, foi a última vez que nos visitou antes de morrer. A gente se plantou na frente do hotel e conseguiu marcar uma entrevista com ele: Tom não quis dar entrevista a nenhuma emissora, nenhum jornal, mas aceitou conversar conosco quando soube que éramos estudantes.
No dia marcado, chegamos quarenta minutos mais cedo e montamos toda a parafernália no hall do hotel. Nervosa, eu sentei com Paula num sofá e ficamos 'treinando' as perguntas que faríamos, enquanto Ricardo e Ulisses filmavam: "Tom Jobim, o que acha disso? Tom Jobim, como vê aquilo?" No sofá da frente tinha um gringo muito queimado de sol, com uma camisa havaiana horrorosa, olhando pra nós duas. "Que gringo mais assanhado, esse", concordamos Paula e eu.
Daqui a pouco, Tom desce, de chapéu na cabeça, charuto na mão e sorriso nos lábios. "Este aqui é meu violonista, Tião Neto", apresentou ele, chamando o gringo - que gargalhava, enquanto Paula e eu queríamos morrer.
Gravamos quase uma hora de entrevista e eu, tiete, ainda roubei o cotoco do charuto pra mim.
Quando fomos assistir à fita, quase mato Ulisses: ele ficou virando a câmera de cabeça pra baixo, segundo ele "para fazer movimentos experimentais". A gente quis esguelar o brilhante gênio: "experimenta quando tiver filmando tua mãe, fedapê!".
Da tarde feliz que passei com Tom e me fez admirá-lo não só como artista, mas ser humano, só ficaram as lembranças. O irmão de Paula gravou um filme em cima da fita. E a empregada lá de casa jogou o charuto fora.

sábado, novembro 25, 2006

Um Mico Publicável

Fui intimidada por Leo a escrever um post sobre um mico publicável. Ah, tenho tantos. Já postei alguns aqui, como a história da cigarra. Pensei e repensei e agora me veio à memória dois miquinhos simpáticos, "de salão". Tá, são esses que vou contar... E repasso a missão pra Di, Debi, Gio, Raimundo e Tita, pra brincadeira seguir adiante...
Eu tinha uns quinze anos, era super tímida, e comprei ou ganhei uns óculos de fantasia, pavorosos, que resolvi mostrar à minha mãe. Ela, notoriamente gaiata, enfiou-os prontamente na cara e foi assim de Candeias ao centro do Recife (algo em torno de uns 20km), encarando as pessoas. Primeiro eu fiquei desesperada. Depois, comecei a achar engraçado. Por fim, tava doida pra aderir à idéia. E foi o que fiz, para mal dos meus pecados.

Foi só botar os óculos que, no mesmo segundo, Rogério, o professor de hidroginástica de mamãe (um gato, afemaria!) emparelhou o carro conosco. Eu fiquei roxa, azul, cor de rosa. Acabei estoicamente sem tirar o maldito apetrecho na cara, na esperança de não ser reconhecida ou passar despercebida.

Não tive tanta sorte.

Depois eu soube que ele andou perguntando se "a filha de Cininha tinha problemas". Até hoje, não sei se se referia à minha parte física ou mental...
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Uns dois anos depois, outro mico memorável: estava eu, alegre e flanando, numa calourada da UFPE. Eu era enxerida, andava pelo campus todo, tinha vários amigos a quem estava ansiosa pra encontrar. Aí, de longe, bati o olho em um: era Nando, que tinha feito educação física junto comigo e estudava engenharia (bicho doido e querido que tinha um fusquinha e me dava carona sempre, o carro lotado de homens e só eu de menina, todo mundo fazendo presepada e ele dirigindo com uma cueca enfiada na cabeça).
"Nando!", pensei feliz. E corri pra junto dele. Cheguei por trás já abraçando, encaminhando um beijo... e não era Nando.
O rapazinho quase-beijado pegou e falou: "Continue!"
Fiquei azul, gaguejei, pedi desculpa e me escafedi do local.
Cinco minutos depois, dei de cara com o próprio Nando. "Feladaputa, passei a maior vergonha por sua causa!", e contei o ocorrido.
Ele olhou o cara e ficou arretado: "Oxe, aquele é Rochinha, um cába feio da peste, como é que você me confunde com ele?"
Foi lá, chamou Rochinha, me apresentou oficialmente, rimos muito os três com a história, e no final eu ganhei mais um amigo.


sexta-feira, novembro 10, 2006

Dado em casa


Alan tem uma coleção de dados, que usa pra dar aulas: triangulares, fosforescentes, coisas do arco da velha. Brincando com ele, disse que ia doar o parzinho aposentado de dados eróticos que ganhei num passado longínquo. Depois lembrei do motivo principal que me fez desistir deles para sempre: um dos bichinhos era viciado. Um marcava 'o que' fazer, e funcionava normalmente. O outro, o que devia dizer 'onde', sempre caía na mesma opção exibicionista: "de porta aberta".

quinta-feira, novembro 09, 2006

Completando o post anterior...


Eu não devia, mas em honra de Tárcio, que assim pediu, eu vou contar um pouco mais das presepadas pelas quais passei, vestida de Chapeuzinho Vermelho.

Escolher a roupa foi uma novela: pesquisei imagens no Google, comprei cetim pra capa e popeline pro vestidinho, corri atrás de costureira. O resultado saiu muito mais convincente que as outras quinze moçoilas trajando a mesma fantasia que vi perambulando pelas ladeiras de Olinda, sem despertar a menor comoção. Além das roupas delas parecerem estilizadas... bem, eu acho que elas não estavam na sintonia da fantasia, como eu estava.

E era muito engraçado: as pessoas iam se comunicando comigo, gritando na rua, tirando onda. E eu me sentindo e agindo como se fosse a própria Chapeuzinho, saltitando pelas ladeiras com uma cestinha cheia de balas ice kiss love de morango, com figurinhas de dizeres românticos encartadas.

A primeira providência divina foi me fazer perder de Eva, a amiga em cuja casa eu estava hospedada. Fiquei procurando em vão por ela, até cair a ficha de que as pessoas achavam que eu estava buscando... o lobo. Foi muito engraçado. Aí eu resolvi incorporar a personagem, de com força.

Os primeiros a não acreditarem na minha doidice foram os policiais de plantão. Passei em três delegacias móveis, procurando o lobo mau. Numa, disseram que não me preocupasse, que se ele aparecesse seria preso. Noutra, informaram que tinha sido levado pro Aníbal Bruno. O terceiro riu tanto que quase se engasga com a balinha que ofereci.

Saí feito uma maluca, pedindo informações a Deus e o mundo. Quase apanho de uma dona, no meio do Segurucu - só porque ao ouvir que o marido dela mora há mais de 20 anos em Olinda, resolvi candidamente perguntar se ele sabia onde era a casa da minha vovó. Arranjei vários candidatos a lobo: um bonitinho, declamou toda a música do disquinho de minha infância. Mas eu, magnânima, sem má intenção no meu coração, procurava por dentes, rabos e orelhas, e os rapazes não passavam no teste.

À noite corri pro Recife Antigo, em minha busca incessante pelo lobo mau. Emburaquei no banheiro masculino do Burburinho e espantei um francês que saía de lá. Expliquei por mímicas a minha intenção - saber se o lobo mau estava lá dentro - e um minuto depois, quando ele realizou o que eu estava perguntando, riu descontroladamente e me ensinou a cantar a musiquinha do país dele, falando em "Monsieur Le Loup".

O ápice da noite foi lá pelas 23h, na beira do cais, quando eu já tinha desistido completamente de encontrar quem eu buscava. Um lobo lindo, de olhos verdes, máscara amedrontadora, peito nu, veio uivando de longe, correndo em minha direção. Minha felicidade foi quase incontrolável. Pena que o lobo tinha uns doze anos e só se interessou em comer o resto dos bombons cor-de-rosa da minha cestinha.

terça-feira, novembro 07, 2006

Fantasias

... y que te acuerdes que eres un corderillo disfrazado de lobo (Mercedes Sosa)
Depois do post em que apareci com orelhas de gnomo, fiquei lembrando das fantasias que já vesti na vida. Nem foram muitas, minha mãe materialista e prática também não levava o carnaval a sério, e o resultado é que devo ter tido umas três roupinhas de festa na minha infância: índia, baiana e havaiana. E nem foto ela tirou, pra remédio!
Mas depois que cresci, e comecei a usar minhas próprias pernas e vontade pra rumar pra Olinda, eu mesma fui providenciando as fantasias. Um ano, aprendi a fazer máscaras de gesso e jornal, e moldei a cara da família inteira. Meu maior prazer sempre foi minhas próprias roupas, e em 2004 e 2005 juntei-me com Eva nessa missão. A casa dela virava nosso quartel-general, comandado pela mãe, Joanita, e suas mãos mágicas.
Em 2004 saí de borboleta amarela, envolvida de tule e lantejoulas. Ser borboleta sempre foi minha nem tão secreta vontade. O pai de Eva, João, tirou uma foto minha no meio de um canteiro de onze-horas que tem lá no quintal deles. E rumei feliz pra gandaia. Tá certo, não fiquei a mais delicada das criaturas, pela minha grandeza intríseca e falta de jeito explícito. Pra completar, misturei vodca e axé de fala, e deu problema. Entrei numa roda de pogo, num show de rock de uma banda de Peixinhos, lá na praça da Preguiça. Perdi uma das antenas no meio da dança, e seis meses depois fui apresentada ao vocalista da banda que fazia o show e ele lembrou imediatamente de mim (!). No fim de tudo, eu quis voar. E terminei o carnaval de pé torcido, botando gelo e rezando pra dor passar, na companhia de Evandro.
No ano seguinte, saí de Chapeuzinho Vermelho, fantasia postumamente registrada por meu irmão Gabriel num ensaio com o "lobo mau" Jink. Foi aí que definitivamente incorporei a tese que não basta inventar a fantasia (Eva adora coisas malucas, 'Origami Girl', 'Íris, a mensageira dos deuses', se inspira em carta de tarô e por aí vai). O bom mesmo é criar algo que os outros entendam e possam interagir.
Enchi minha cestinha de bombom, me perdi dos amigos e passei um dia antológico, sozinha, brincando em Olinda. Passei na frente de uma creche, e a criançada de olhos arregalados gritava por mim, explicando onde era a casa da vovó. Cantei a musiquinha da história aos pulos, saltando pelas ladeiras, de braços dados com um casal de gays alagoanos que viraram meus amigos de infância. Pedi informação em todos os pontos de apoio ao turista e delegacias móveis, e nenhum policial deixou de responder à pergunta "o lobo mau passou por aqui?" (as respostas foram antológicas). Falando em lobo, arrumei vários candidatos (e até briga com a mulher de um deles), mas atravessei o dia incólume porque sou, no fundo, uma menina boazinha - e tinha namorado. Enfim, ri muito e exercitei ao máximo meu lado lúdico - tudo o que a gente mais precisa e merece, nessa vida.

sábado, novembro 04, 2006

Cachorradas

Estava lendo um bestseller engraçadinho chamado Marley & Eu e fiquei triste. É que eu nunca tive um cachorro que fosse 'meu'. Convivi com vários mas, na verdade, sempre acabei possuindo um pouco, por tabela, os cachorros do meu irmão Gabriel, todos machos: Pinguinho, um pequinês que corria atrás das galinhas e foi roubado da nossa casa, ainda filhote. Paçoca, um miniatura pinscher que acabou sendo 'exilado' de casa. Barnard, um beagle que morreu aos 17 anos, velho como o cão. Jink, o labradoido atual. Uma única vez, nos idos dos meus oito anos, achei uma viralatinha preta dando bobeira na rua, levei pra casa, batizei de Xuxa - e a pobre morreu em três dias, mofina e triste, porque já estava irremediavelmente cheia de vermes.
Devo admitir pra vocês que ter um cachorro é um sonho secreto que vai e volta na minha cabeça, mas sempre descarto o plano: se eu não tomo conta direito nem de mim mesma, imagine de um cachorro! Ainda assim
interajo com os bichinhos, especialmente os viralatas - que refletem bem a minha essência.


Uma vez, na época de faculdade, saí debaixo de chuva do Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Ia andando com meu amigo Alessandro e de repente dei um grito: quase pisei numa coisa escura e molhada, que achei ser um rato. Não era: era uma cadelinha bebê, desgarrada da mãe. Pensei comigo: se ficar aqui sozinha, na chuva, vai morrer. Enrolei a bichinha na toalha que trazia na mochila (era dia de educação física) e enfrentei um Candeias-Dois Irmãos lotado com ela no colo, fazendo gréia: por favor, dá licença, preciso passar com minha filha. Chegando em casa, minha mãe quis comer meu fígado, até que esclareci que não queria ficar com a coisinha, e que no dia seguinte arrumaria um dono pra ela. Aí mamãe sossegou e até ajudou a dar leite e mantê-la quentinha. No outro dia, fui cedo pra faculdade, me plantei na frente do prédio e perguntei a cada ser vivente do CAC se não queria levá-la pra casa. Acabei descolando um interessado, ao qual passei meses inquirindo sobre o estado de Neguinha, quando o encontrava de passagem. Com isso fortaleci, perante os olhos de Alex, uma imagem de sensível e humana que não descolou mais de mim, mesmo passados tantos anos.
De outra feita, estava voltando da UFRPE - de uma farra, certamente. Era quase meia noite, eu estava sozinha no ponto de ônibus, e uma viralatinha fêmea, raceada com cachorro-salsicha ('daschund'), parou, me encarou e ficou fazendo companhia. Largada, solitária, abandonada, a bichinha me comoveu até o âmago do meu ser ligeiramente alcoolizado. Quando o ônibus passou, zupt!, cedi ao impulso e carreguei a danadinha comigo. De tão semelhante a mim, batizei-a de Igual.
Igual tinha um cheiro horroroso, mijou na sala, chorou a noite inteira, soltou pêlos pela casa, roeu o pé da mesa e eu me desesperei e acabei trancando-a no banheiro. Em dois dias, arrumei um novo dono pra ela e pude suspirar aliviada. Estava livre, afinal...
O que não quer dizer que vou desistir da minha carreira de defensora dos oprimidos e da minha nobre intenção de ter um cachorro, um dia. Mas de preferência, antes quero uma casa com um belo quintal!

terça-feira, outubro 31, 2006

Meméia, Alcéia, Cuca, Keka e Min não são páreos pra mim

Pros amigos que elogiaram a "beleza e sensualidade da foto anterior" (!), deixo um registro meu usando as orelhinhas de Furbie da promoção do McLanche Feliz, com meu abraço de Dia das Bruxas. Hihihihi!
PS- Alan comprou um kit de nuggets com suco de uva (blargh) só pra ganhar um bonequinho desses. O treco feioso canta "My Bonnie lies over the ocean" e é verde. E o Leprechaun vai me matar quando souber que eu dedurei ele aqui!

sábado, outubro 28, 2006

Leprechaun

Adoro este menino! Adoro estar com ele! Nos últimos meses, Alan tem me provado como pode ser boa a convivência a dois: toma conta de mim quando eu tenho febre, troca figurinhas quando vou preparar aulas, empresta o ombro pra eu chorar pitangas, é um ótimo conselheiro sentimental...

É a melhor companhia pra se assistir programas trash de TV, falar mal do mundo e rir das bobagens cotidianas. Gosto de brincar, dizer que é meu 'marido' pro lado ruim do casamento, mas fico feliz de poder contar com ele e de vê-lo torcer para que eu seja e esteja feliz.

A última declaração de amor que me fez, esta semana, foi no dia em que fomos de madrugada comprar um plugue de tomada no supermercado 24h, pra tentar fazer o computador funcionar. E eu corri imediatamentge pra pegar um carrinho. "Mas a gente só vai comprar uma tomada!", ele tentou argumentar. "Eu sei. Mas é que eu adoro empurrar carrinho!", expliquei sorridente.
E entrei tão feliz no Comprebem, com vontade de pilotar correndo entre as gôndolas, que ele começou a rir e lançou a seguinte pérola: "Mari, me diz: alguém consegue ficar mais de um dia com raiva de você?"
(Deixei o bichinho ficar na ilusão...)

domingo, outubro 22, 2006

Jurandir da caipirosca


Eu o conheci no São João de 2003, quando choquei algumas amigas porque aceitei dançar forró com ele, sem problemas. Teve gente que torceu o nariz, dançar com o homem da barraquinha de caipirosca não pega bem!, mas eu não tava nem aí, tava era a fim de me remexer. Chovia muito, criou-se uma bolha d'água gigante e a lona do teto rompeu bem em cima das nossas cabeças. Ninguém mais se molhou: só eu e ele. Morri de frio a noite inteira, mas dei boas risadas e ele acho que ficou paquerando comigo, mas desconversei e ele, que é simpático e educadíssimo, não insistiu no assunto. Passou-se...
Depois eu fiquei encontrando com ele, sempre. Toda festa de rua que tinha, lá estava a barraquinha de bebidas montada e ele me cumprimentava, com um sorrisão no rosto, para gáudio da mundiça, todo mundo implicando, olha lá o teu paquera. E eu, além de achá-lo gente boa, sou meio mercenária e achava ótimo o fato dele sempre me dar um 'chorinho' de vodca, completando o copo mais de uma vez.
Aí, fui pro Rio. E voltei, mas nunca mais tinha saído pra farra... Hoje, mais de dois anos depois dessa presepada toda, fui pra um samba no Poço da Panela, com Marta e Kesinha. Chegando lá, vi o mesmo cara. Comentei com elas essa história, fui comprar uma caipifruta, e ele me encarou: cadê você, que sumiu? Me disse na lata qual tinha sido o último evento em que me encontrou. Me deu a dose extra de bebida, de praxe. E ficou tão feliz de me ver, que eu juro que não tenho como deixar de ficar alegre, também. Salve, Jurandir!

terça-feira, outubro 17, 2006

As maldades de que eu sou capaz


Leo me liga.
Ele tem me ligado umas quinze vezes por dia, e eu acho que se juntássemos o que a gente anda gastando em telefone, dava pra um dos dois visitar o outro, no fim do mês.
Ele me fala mil coisinhas bonitinhas.
Ele se despede e diz baixinho que gosta de mim.
"Só 'gosta'?", provoco.
"Eu te amo", sussurra.
"Hein?"
"Eu te amo", diz meio sem graça.
"Fala mais alto que não tou escutando nada..."
"EU TE AMO!", berra.
E eu desligo morrendo de rir, depois de ter ouvido o corinho das risadas dos colegas de trabalho dele.

domingo, outubro 15, 2006

I am a pitbull

Abaixo: Claudinha, Kesinha e eu, antes de sair para a gandaia.Ontem enchi a paciência de Késia e Cláudia e elas vieram dormir aqui em casa, cheias de idéias no juízo: sair, dançar, ver gente. Fomos prum barzinho aqui perto e eu, imprudente como de praxe, sugeri irmos a pé. Resultado: fomos assaltadas e o resto da noite foi aquela chateação de prestar boletim de ocorrência na delegacia, ligar pra bloquear telefone, etc. Acabamos indo tomar uma cervejinha de leve, no Garagem, borocochôs como nunca. Espero que o insucesso da primeira vez não impeça as meninas de repetirem a dose. Gostei de tê-las aqui, apesar de tudo...
Foi assim: quando faltavam duas quadras, uma motinha com dois homenzinhos minúsculos, um dos quais portando um bigodinho à la
Dick Vigarista, emparelhou conosco e o cara da garupa falou nervoso, "passa a bolsa". Eu acho que eram dois caras que estavam no primeiro andar de uma casa, na rua anterior, e que olharam esquisito quando a gente passou - até porque a moto veio daquela direção, e regressou rapidinho pra lá. Mas é só suspeita e o agente da delegacia não pareceu botar fé, apesar de Claudinha ser da mesma opinião que eu.
Qualquer dia me lasco numa dessas, mas me deu uma raiva enorme na hora, e não acreditei que o volume embaixo da camisa do homem fosse um revólver.
"Passa a bolsa, porra nenhuma", falei e continuei andando. Dentro dela, estavam o celular (comprado em junho, depois que o anterior foi
furtado) e um molho enorme de chaves que iam me dar um trabalho insano pra recuperar. As pobrezinhas das minhas amigas ficaram no prejuízo, mas os caras desistiram de ir atrás de mim e eu escapei ilesa.
Não é a primeira vez que isso me acontece: da penúltima, tava no carro, junto com Sid e Isaar, dirigindo na Agamenon Magalhães, e um molequinho com um caco de vidro chegou e falou rápido,
"passcarteirbols'celular". Eu tava gripada, baixei o vidro, olhei sorrindo pra ele e fiz, "hein?" "Passa a carteira, a bolsa e o celular!", repetiu, fazendo cara de mau. A gripe passou na hora. "O que, seu pirraia? Tá enxergando seu tamanho, não? Passe fora, senão eu meto porrada em você", falei bem alto e ele saiu correndo ventado de junto de mim, enquanto os amigos riam do outro lado da rua. Dez segundos depois foi abordar a mulher do carro da frente. A raiva foi tão grande que eu meti a mão na buzina, abri a porta e berrei: "Saia daí, seu merdinha, largue a moça, senão vou aí te pegar". E ele saiu, lógico. Porque eu ando braba, tão braba, mas tão braba, que eu mesma me assusto às vezes. Mordo mesmo. Grrrrrrrrrr.

terça-feira, outubro 10, 2006

Andanças

Minha chegada no Rio foi hilária (ou não), com um doido aporrinhando dentro do vôo. Começou quando o avião ainda estava parado, e ele passou pelo corredor, cheirando forte a uísque e com um sorriso estranho no canto da boca. Estava tocando uma música de Milionário e Zé Rico - o vôo prometia, como podem ver - e ele berrou, isso é bonito demais! Sentou atrás de mim, bulindo a perna esquerda em espasmos desesperados. Tentei dormir, esticando o braço um pouquinho pra trás: ele pá!, me deu uma tapa. Olhei pra trás com ódio e perguntei o que estava acontecendo. Desculpe, falou sem graça, e virou pro passageiro do lado, e falou bem ríspido: dá licença, viado. Levantou, andou pelo corredor, e eu, fascinada, esqueci o sono e fiquei só observando. Ele puxou um mapa enorme, sentou do lado de uma senhorinha desalentada, e foi até o Galeão circulando pontos, rabiscando frases, fazendo setas e falando da Serra do Caparaó.
Na volta, deu tudo certo, apesar do trauma do vôo da Gol. O problema foi quando cheguei em Recife: o porteiro abriu o maior sorrisão quando me viu, feliz como nunca - e aí fui descobrindo a tragédia aos poucos. A geladeira pifou, provavelmente porque alguém deixou aberta (foi gente lá fazer faxina), e o mau cheiro incomodou os vizinhos todos. Ninguém sabia do que se tratava; e o zelador pulou pela varanda, no décimo andar, para verificar se eu estava em casa (é, pois é). Ficou bastante aliviado de constatar que eu não estava... E eu não pude deixar de festejar o fato, enquanto, cansada e sem dormir, tive que limpar a sujeira incrível que inundava minha cozinha.

terça-feira, setembro 19, 2006

Vexaminosa


Tou cada dia mais cara de pau, Deus do céu! Esqueci o livro-texto da aula de segunda feira trancado num armário da faculdade. O danado custa mais de R$ 50 e eu não tinha nem a quem pedir, nem pra que comprar uma duplicata. Resultado: botei o caderninho embaixo do braço e rumei pra Livraria Cultura, onde sentei calmamente num sofazinho por cerca de uma hora, preparei minha apresentação e ainda cumprimentei amigos e vendedores.
Ê vida. Hehehe!
*A foto acima foi tirada durante o lançamento do meu livro, lá na mesma livraria. Praticamente minha casa!

domingo, setembro 17, 2006

Ascendente em Gêmeos e Lua em Aquário...

Vendi meu carrinho uno-bala-prateado no começo de 2005, e comi o bichinho inteirinho durante os primeiros seis meses de Rio. Depois nunca mais tive dinheiro pra comprar outro automóvel e retomei minha vida de lisa, usuária de ônibus. Mas juro, às vezes até gosto de andar de coletivo. Coleciono histórias de presepadas...
Tem uma coisa que baixa em mim, que me dá vontade de me comunicar quando eu entro nos buzões, saber da vida alheia, estabelecer contato. Sério. Na época de faculdade, tinha meus amigos cobradores e motoristas, alguns até que não queriam me deixar pagar passagem e por causa disso, me faziam passar a maior vergonha. Outra mania que tenho é cantar no ônibus, e essa, quando eu namorava com um tocador amador de flauta doce, me fazia figurinha conhecida: bastava a gente sentar pra começar a desfiar o repertório. Não sei como nunca tivemos a idéia de pedir uns trocados aos passageiros.
Pior é que faço isso até hoje, sem pensar no que estou fazendo. Semana passada, voltando de Olinda de madrugada, peguei um ônibus lotado de adolescentes do sexo masculino, voltando de um show do Nação Zumbi. Estava sozinha, mas prontamente me juntei a eles, para gáudio da cobradora, e vim batucando e cantando até em casa – na parada, foi uma gritaria: eles queriam que eu os acompanhasse até o terminal no Sítio dos Pintos, onde a farra certamente ia continuar.
Ontem, voltando também de Olinda (ah, a cidade me inspira), junto com minha amiga Guida, lembrei de uma noite em que vinha com ela e mais dois amigos, cantando todos os jingles comerciais que podíamos recordar (tenho uma ótima memória auditiva, e amo as trilhas das Casas José Araújo, da Cremogema, da Varig, da Casa Lux Ótica e do Motel Jardim). Rimos um bocado. Aí lembramos do show de Flávio Venturini que rolou ontem, mas cuja entrada cara foi proibitiva para nós. Pronto, bastou. Começamos a desfiar o repertório do Clube da Esquina, até que uma figura meio estranha, uma mulher imponente e obesa, vestida a rigor com paetês no vestido e plumas no cabelo, virou para nós e começou a declamar as letras das músicas. Parecia aqueles programas de rádio, com tradução simultânea. Todo o ônibus virou para olhar e nós, impávidas, continuamos com o coro até que Cristina – esse era o nome dela – revelou-se uma cantora afinadíssima, com voz rouca de contralto, uma verdadeira Virgínia Rodrigues dos subúrbios recifenses. De arrepiar os cabelos, pessoal. Ela cantou umas quatro músicas, desceu e ficamos com pena de não ter pedido o telefone para marcar uma farra posterior.
Na baldeação para o outro ônibus, subiu um cara com roupa de capoeirista e berimbau na mão. Eu, que não tinha bebido uma gota de álcool mas já tava animadinha com a idéia de me socializar, virei pra ele e perguntei se ele não tocaria um pouco pra gente. “O show é oitenta reais”, falou o menino, e a gente chegou à conclusão de que ele tava a fim de grana pra ir assistir Flávio Venturini, ora bolas. Mas não desisti, olhei pra frente e comecei a cantar sozinha: “eu já vivo enjoado de viver aqui na Terra, oh mamãe eu vou pra lua, já avisei minha mulher, ela então me respondeu, nós vamos se Deus quiser, vam' morar numa casinha toda feita de sapé”... O cara deu um pulo, “onde você aprendeu isso?” Sem saber, cantei uma toada relativamente rara de capoeira, trazida para Pernambuco pelo grupo dele e gravada numa fita, há mais de dez anos, por minha amiga Bernadete – música que eu ouvi, aprendi e não esqueci, pois Mariana também é cultura, minha gente. Dete fazia parte da mesma escola do rapaz. Ele me interrogou mais de uma vez se nunca fiz capoeira (coitado, nem registrou minha excelente forma física), animou-se, montou o berimbau, puxou um corinho e viemos cantando feito três malucos. “Não esqueçam, meu nome é Nei, a gente vai se encontrar de novo”, prometeu, quando desceu no mercado de Casa Amarela.
É por essas e outras que, em boa parte das vezes em que eu subo num ônibus aqui das linhas que servem à minha casa, o motorista me dá boa noite e sorri.
**NOTA: o título do post se justifica pela minha capacidade esquizofrênica de ser múltipla. Acreditam que continuo de banzo? E que consigo ser triste quando estou alegre, e rir no meio da maior agonia?

quarta-feira, setembro 06, 2006

Falando em supermercado...

Minha prima Dione quase me mata de rir e de ternura, ao relembrar o dia em que, aos oito anos, foi ao supermercado com o nosso avô Oswaldo e, ao se ver sozinha, preocupadíssima, anunciou pelo alto-falante que quem encontrasse um velhinho de cabeça branca, perdido, levasse ele até a administração.
Eu também tenho as minhas historinhas dentro desse ambiente, mas as presepadas do gênero me lembram imediatamente dela, minha mãe, que adorava esse tipo de programa e tinha um jeito peculiar de estar no mundo.
Uma vez mamãe botou o coitado do meu irmão adolescente para adiantar as compras no caixa, enquanto buscava outros produtos. No carrinho tinha um monte de pacotes de absorvente, e ele começou a ficar agoniado, vem logo, vem logo, sem querer colocar os ditos-cujos na esteira. Oxe, meu filho, que besteira é essa?, o modess não é seu mesmo?, disse mamãe bem alto, matando definitivamente o pobre de vergonha.
Outra vez, no estacionamento, um cara enfiou-se mais rápido na vaga em que a amiga dela estava tentando fazer baliza. E ainda saiu fazendo gozação do fato. Muito calmas, elas pensaram em furar o pneu ou riscar a tinta do automóvel, mas tiveram uma idéia melhor: fizeram meu irmão menor e o amiguinho, que estavam bastante gripados, assoarem o nariz pelo carro inteiro. Vidro, porta e, especialmente, maçaneta, foram cobertos por uma camada espessa de gosma verde. E elas rumaram pra outro supermercado, às gargalhadas, certas de que nunca mais o cabra ia se meter a besta com nenhuma mãe de família.
Uma das últimas peripécias foi durante a inauguração de uma megaloja em Boa Viagem. Ela adorava liquidações. Estava separando umas bermudas baratinhas pra um dos filhos, quando uma mulher mal-educada tirou algumas peças já selecionadas do carrinho (!) e, diante da reclamação evidente, grunhiu um problema seu ou guerra é guerra. Mamãe ficou quietinha, deu uma volta no corredor seguinte, e voltou sorridente: você nem precisava ser tão mal-educada, lá na frente eles botaram uma gôndola com bermudas muito mais bonitas do que essas que você me roubou. A dona, estupidamente, largou as antigas e correu pra conferir. Claro que era mentira, claro que mamãe enfiou as bermudas de volta no carrinho, e claro que se divertiu muito dando bananas explícitas pra vilã enraivecida, da fila do caixa, devidamente cercada por vários filhos preocupados com sua integridade física.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Doze coisas pra se fazer no supermercado

Tou aqui morrendo de rir com a corrente enviada pra mim por meu amigo Raimundo. Deveria estar com preguiça de participar, mas meu lado mala-sem-alça não resistiu... Hehehe.
Primeiro, divirtam-se com a lista dele:

1. Pegar caixas de preservativos e pôr em vários carrinhos aleatoriamente, quando a pessoa estiver distraída.

2. Programar os despertadores para tocarem de 5 em 5 minutos.

3. Fazer um rastro com molho de tomate até o banheiro.

4. Abordar um funcionário e dizer Código vermelho na sessão de vinhos... e ver o que ele faz!

5. Ir ao apoio a clientes e perguntar se podem reservar um pacote de M&Ms.

6. Montar uma tenda na seção de camping, dizer aos outros clientes que vai passar a noite por lá. Convencer as pessoas atraentes a trazerem almofadas da seção têxtil e juntarem-se a você.

7. Quando um funcionário te perguntar se você precisa de ajuda, começar a chorar gritando: Por que é que vocês não me deixam em paz?!?!!?!?

8. Encontrar uma câmara de vigilância e usá-la como espelho enquanto tira catotas do nariz.

9. Procurar uma faca de trinchar bem afiada. Levá-la consigo durante todo o percurso das compras e ir perguntando aos funcionários se ali vendem anti-depressivos.

10. Deslizar pela loja com um ar suspeito, cantando o tema do filme Missão Impossível.

11. Quando alguém anunciar seja o que for no alto-falante, deitar-se no chão, em posição fetal, e gritar:
NÃÃÃO! As vozes! Outra vez as vozes!

12. Ir ao provador de roupa. Fechar a porta, aguardar um minuto e depois gritar:
Onde é que está o papel higiênico? Huh!


Agora, a minha:

1. Ir até a seção de colchões e testar um deles, dormindo por meia hora. De preferência vestindo uma camisola do setor têxtil. Ou não.

2. Ir até a seção de colchões e testar um deles, juntamente com uma companhia. Fazer comentários em voz bem alta sobre a espessura e densidade do mesmo e do resultado que isso trará ao desempenho do canguru-perneta. Exemplificar ativamente.

3. Trocar os tubos de pasta de dente Closeup por
KY gel. E vice-versa.

4. (Para os homens) Colocar uma berinjela dentro da calça e passear pelo recinto, assobiando ‘Killing me softly’. Tirar a berinjela e entregar à moça do caixa, gritando TCHARAM.

5. Soltar um pum na fila do caixa, gritando MÃOS AO ALTO.

6. Levar um abacaxi, um coco e uma garrafa de pitu à seção de presentes, e pedir pra fazer uma embalagem bem bonita.

7. Ir ao setor de devoluções com o prestobarba que comprou. Explicar que a primeira faz tcham e a segunda faz tchum, mas veio faltando o tcham-tcham-tcham
-tcham.

8. Ir à seção de apoio ao cliente e perguntar qual a melhor tintura para tingir os pelinhos de dentro do nariz.

9. Com uma corda de camping e uma bacia grande, improvisar uma roupa de tartaruga e sair rastejando pelos corredores.

10. Fazer uma pesquisa na fila da terceira idade sobre qual a melhor música pra se fazer um strip-tease surpresa.

11. Ir à seção dos eletrodomésticos e perguntar se têm o telefone do cachorrinho.

12. Testar todos os palitos de uma caixa de fósforo.
Repasso esta missão impossível pra Dione, Sean, Leticia, Queops e , além de meu irmão Gabriel e meus amigos Alan e Melguinha (que não têm blog).

quinta-feira, agosto 31, 2006

Indecente


A mulher falou bem alto no meio do ônibus: "Ah , a gente não precisa nem comer, não precisa nem tocar, basta olhar pra saber que é gostoso". Eu e mais uns cinco não resistimos e olhamos pra trás, as mentes pérfidas a mil. Mas ela tava tirando uma cocada de dentro do isopor de uma velhinha.

domingo, agosto 27, 2006

Pra Dé


Eu esqueci o aniversário dele e chega fiquei com vergonha, quando encontrei André no Bairro do Recife, no meio de um festival de poesia, em pleno domingo. "Se preocupa não, Nana, eu estou mais perto do que você pensa", ele me disse. "Acompanho sua vida pelo blogue. Adoro seus escritos e suas caretas". Ah, tá. Então tá. Cheiro, querido!