
Este é meu sítio, onde espero plantar e colher coisas boas. Desde abril de 2005, tenho postado minhas besteirinhas aqui, sem ordem cronológica nem temática - mais ou menos um baú de quinquilharias. Fique à vontade e me dê um alô... PS- Os posts são arquivados por semana. Se quiser olhar os antigos, tem os links lá embaixo, mês a mês.
terça-feira, novembro 28, 2006

segunda-feira, novembro 27, 2006
Theodora, presente de Deus

sábado, novembro 25, 2006
Um Mico Publicável

Eu tinha uns quinze anos, era super tímida, e comprei ou ganhei uns óculos de fantasia, pavorosos, que resolvi mostrar à minha mãe. Ela, notoriamente gaiata, enfiou-os prontamente na cara e foi assim de Candeias ao centro do Recife (algo em torno de uns 20km), encarando as pessoas. Primeiro eu fiquei desesperada. Depois, comecei a achar engraçado. Por fim, tava doida pra aderir à idéia. E foi o que fiz, para mal dos meus pecados.
Foi só botar os óculos que, no mesmo segundo, Rogério, o professor de hidroginástica de mamãe (um gato, afemaria!) emparelhou o carro conosco. Eu fiquei roxa, azul, cor de rosa. Acabei estoicamente sem tirar o maldito apetrecho na cara, na esperança de não ser reconhecida ou passar despercebida.
Não tive tanta sorte.
Depois eu soube que ele andou perguntando se "a filha de Cininha tinha problemas". Até hoje, não sei se se referia à minha parte física ou mental...
sexta-feira, novembro 24, 2006
"Amigo é o irmão que a cegonha entregou em outra casa"

terça-feira, novembro 21, 2006
segunda-feira, novembro 20, 2006
Meu afoxé preferido, comemorando o que há de negro em mim

Aprendi com a Matamba
a jogar capoeira e viver candomblé
Ser original, tocar berimbau e dançar afoxé
Meu corpo não nasceu para a senzala
Sou filho de Alafin Oyó, Xangô
A liberdade é meu axé de fala
Kawô kabiyèsílé, kawô!
...






Porque hoje é dia de Zumbi, e da Consciência Negra.
Porque ainda se difunde a falácia de que ser negro é sinônimo de ser feio, quando esteticamente é bem o contrário.
Porque eu encontrei um site interessantíssimo com fotos de modelos brasileiros afrodescendentes.
Porque eu amo Elis Regina e concordo que black is very beautiful...
Porque sim, hehehe. O post é pra olhar, e não pra explicar.
domingo, novembro 19, 2006
Luluca

Geni, a formosa dama

Eu não era grande coisa: era a novata, a princípio, até que vieram outros novatos. Era a tímida. Era a gorducha, mas não era sequer a única acima do peso, na sala. Enfim, era um zero à esquerda tentando desesperadamente ser aceito. E ser amiga de Geni não ajudaria em muita coisa.
Ela era esquisita, ou pelo menos, a gente achava. Muito magrinha, muito branquinha, com uns óculos intelectuais pendurados na ponta do nariz. Nenhum menino queria namorá-la: era insignificante, feinha demais. Tinha mania de usar uma intejeição - "que chique!"- para se referir a qualquer coisa. Sua família não era das mais ricas e ela era responsável; por isso, estudava com constância, escrevendo com lapiseira hp em cadernos impecáveis que a turma inteira xerocava, na véspera das avaliações. Sentava na frente, alheia à risadagem e conversa do fundo da sala. Junto dela, um séquito de três ou quatro burrinhos que queriam ser sabidos ou, pelo menos, se beneficiar da rebarba de Geni, principalmente em dia de prova.
Eu sentia que no fundo era parecida com ela, mas na época minha maior preocupação era não me mostrar "CDF" e assim, ser aceita. Eu não queria ser ainda mais diferente dos outros do que me sentia. Para tanto, fingia gostar de coisas que não gostava, me sujeitava a companhias que não se interessavam por mim, não estudava e me abstinha de aparecer. E quando tirava notas boas, em português principalmente, o resto da turma não entendia como isso poderia ter acontecido. Quando passei no vestibular, com boa nota e na primeira tentativa, teve gente que se espantou.
Às vezes, eu trocava com Geni uma ou outra informação sobre livros que nem faziam parte da lista restrita da aula de literatura, e então ela sorria, meio divertida, me reconhecendo como um ET em meio à meninada inconsequente. Ninguém me acreditava como autoridade em coisa nenhuma, e isso por outro lado doía. Lembro do dia em que duas coleguinhas tiveram um acesso de riso porque eu disse que, da boca de ambas, saía um 'afluxo de besteira' - elas não conheciam o termo, e eu precisei da confirmação de Geni, que me lançou um olhar penalizado, do tipo, "elas não sabem o que fazem".
O tempo passou, e Geni se tornou apenas mais uma entre os mais de 40 coleguinhas que prestaram vestibular em 1989, e dela não tive mais notícia - a não ser pelo que me contou o Google: casou e ensina Pediatria, na Universidade Federal do Ceará.
Mas me consolo, quando penso nela, porque ao longo dos anos amadureci e nunca mais deixei de me aproximar de qualquer pessoa interessante que me aparecesse pelo caminho, com medo do que 'os outros iriam falar'. Eu mesma colei e descolei vários rótulos de mim, e não me preocupo mais em ser nada além disso. Já dá trabalho demais...
Pouco ou nenhum contato tenho com os meus colegas da época, aqueles cuja opinião era tão importante, e que eram tão diferentes de mim, e que nunca me aceitaram plenamente, apesar do meu desejo.
A vingança mais doce foi saber, anos depois, que no casamento de uma dessas coleguinhas - ao qual não fui, não lembro por qual motivo - Geni foi a grande sensação. Ruiva, poderosa, sorridente, com as curvas que só desabrocharam após os vinte anos todas evidentes num vestido colante preto, ela deixou os marmanjos todos babando por ela. E, apaixonada, e certamente melhor servida em termos tanto de carcaça como de intelecto, não quis saber de nenhum deles.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Ano novo chegando

terça-feira, novembro 14, 2006
Eternamente responsável
- Bom-dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
(...)

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo (...) Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse mágica. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
-É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é um dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Quase sete mil!

segunda-feira, novembro 13, 2006
Começando bem a semana
In every life we have some trouble
But when you worry you make it double
Don't worry, be happy.
Don't worry, be happy now...
sábado, novembro 11, 2006
Mercado persa

Acabo de voltar de Camaragibe (nos sábados de manhã tenho dentista, ninguém merece). É uma cidade da região metropolitana, a caminho dos municípios da Mata Sul onde tem maracatu, cavalo marinho, coco. É também uma espécie de 'portal de integração', você paga só uma passagem do menor valor (R$ 1,60) e sai baldeando pra outros ônibus ou pro metrô. Ir pra Camaragibe dia de hoje é aventura, o buzu tá sempre entupido, a partir do Terminal da Macaxeira (ponto de troca de ônibus). Mas tem cada figura, que vou te contar!
Tem dias em que vem um pastor evangélico, pregar a Bíblia e berrar hinos. No outro, um vendedor de sabonete de aroeira e banha de peixe elétrico. Minha amiga Isaar uma vez pegou uma briga, porque os dois se encontraram no mesmo ônibus, e foi o embate da faca guinzo com a meia vivarina: apesar do vendedor ter entrado antes, o pregador se achou no direito de ocupar o espaço, como bom fariseu proprietário da palavra divina - inclusive, destratando o rapaz. Ela tomou as dores do injustiçado, e foi um pega pra capar.
Mas o que eu gosto mais é quando entram os cantadores.
Aqui em Recife sempre tem gente cantando nos ônibus - a começar por mim, como vocês devem lembrar. Alguns fazem disso meio de vida. Tem umas figuras lendárias, como um cara que "tocava saxofone" numa palha de coqueiro (juro, o som era igualzinho e ele se achava o próprio Kenny G) e foi parar em Jô Soares. E tem sempre os meninos que sobem, desfiando a ladainha "eu podia estar roubando carteira de mãe de família", mas antes dão sempre a palhinha invariavelmente desafinada. TÃO desafinada, que um dia um amigo interrompeu o garoto na primeira frase e falou: dou dez reais pra tu calar a boca. O moleque titubeou, mas o outro amigo mala-sem-alça que estava conosco começou a dar corda, você é artista ou não é?, e o resultado é que o cantor caprichou nos berros e ficou quase todo mundo insatisfeito - principalmente o amigo que tem ouvidos sensíveis e o menino-cantor, que ao passar a sacolinha não arrecadou nem cinco mangos - mas eu ri de quase chorar.
Pois hoje indo para Camaragibe, subiram dois emboladores, daquelas duplas tipo Caju e Castanha. A gente é sempre meio obrigada a dar dinheiro a eles, porque senão tiram onda pesada. Tenho quase certeza de que um desses dois de hoje lembrou de mim lá do interior, por causa das palestras que andei dando: fez um olhar de reconhecimento, lascou uma quadra me chamando de 'professora' e 'doutora' e dizendo que eu gosto da cultura popular e tenho "mais de duas faculdades". Morri em cinco pilas, mas feliz, ele mereceu mais que os dez centavos do troco que a galera costuma oferecer. E aproveitei pra rir das presepadas que ele aprontou com os demais passageiros: disse que vai namorar com o cobrador, "no dia em que virar viado". Disse que precisa do dinheiro pra ajudar a avó, que "tá buchuda". Cantou a menininha do meu lado, dizendo que parece com Xuxa. Chamou uma dona de pirangueira e ameaçou, dizendo que se não ajudasse, o marido ia trair ela com a vizinha. Quando viu que não tinha jeito, lascou essa: "A mulher que não der nada/ vai levar quatro topada / quando do ônibus descer".
sexta-feira, novembro 10, 2006
Dado em casa

quinta-feira, novembro 09, 2006
Completando o post anterior...

Escolher a roupa foi uma novela: pesquisei imagens no Google, comprei cetim pra capa e popeline pro vestidinho, corri atrás de costureira. O resultado saiu muito mais convincente que as outras quinze moçoilas trajando a mesma fantasia que vi perambulando pelas ladeiras de Olinda, sem despertar a menor comoção. Além das roupas delas parecerem estilizadas... bem, eu acho que elas não estavam na sintonia da fantasia, como eu estava.
E era muito engraçado: as pessoas iam se comunicando comigo, gritando na rua, tirando onda. E eu me sentindo e agindo como se fosse a própria Chapeuzinho, saltitando pelas ladeiras com uma cestinha cheia de balas ice kiss love de morango, com figurinhas de dizeres românticos encartadas.
A primeira providência divina foi me fazer perder de Eva, a amiga em cuja casa eu estava hospedada. Fiquei procurando em vão por ela, até cair a ficha de que as pessoas achavam que eu estava buscando... o lobo. Foi muito engraçado. Aí eu resolvi incorporar a personagem, de com força.
Os primeiros a não acreditarem na minha doidice foram os policiais de plantão. Passei em três delegacias móveis, procurando o lobo mau. Numa, disseram que não me preocupasse, que se ele aparecesse seria preso. Noutra, informaram que tinha sido levado pro Aníbal Bruno. O terceiro riu tanto que quase se engasga com a balinha que ofereci.
Saí feito uma maluca, pedindo informações a Deus e o mundo. Quase apanho de uma dona, no meio do Segurucu - só porque ao ouvir que o marido dela mora há mais de 20 anos em Olinda, resolvi candidamente perguntar se ele sabia onde era a casa da minha vovó. Arranjei vários candidatos a lobo: um bonitinho, declamou toda a música do disquinho de minha infância. Mas eu, magnânima, sem má intenção no meu coração, procurava por dentes, rabos e orelhas, e os rapazes não passavam no teste.
À noite corri pro Recife Antigo, em minha busca incessante pelo lobo mau. Emburaquei no banheiro masculino do Burburinho e espantei um francês que saía de lá. Expliquei por mímicas a minha intenção - saber se o lobo mau estava lá dentro - e um minuto depois, quando ele realizou o que eu estava perguntando, riu descontroladamente e me ensinou a cantar a musiquinha do país dele, falando em "Monsieur Le Loup".
O ápice da noite foi lá pelas 23h, na beira do cais, quando eu já tinha desistido completamente de encontrar quem eu buscava. Um lobo lindo, de olhos verdes, máscara amedrontadora, peito nu, veio uivando de longe, correndo em minha direção. Minha felicidade foi quase incontrolável. Pena que o lobo tinha uns doze anos e só se interessou em comer o resto dos bombons cor-de-rosa da minha cestinha.
terça-feira, novembro 07, 2006
Fantasias

Enchi minha cestinha de bombom, me perdi dos amigos e passei um dia antológico, sozinha, brincando em Olinda. Passei na frente de uma creche, e a criançada de olhos arregalados gritava por mim, explicando onde era a casa da vovó. Cantei a musiquinha da história aos pulos, saltando pelas ladeiras, de braços dados com um casal de gays alagoanos que viraram meus amigos de infância. Pedi informação em todos os pontos de apoio ao turista e delegacias móveis, e nenhum policial deixou de responder à pergunta "o lobo mau passou por aqui?" (as respostas foram antológicas). Falando em lobo, arrumei vários candidatos (e até briga com a mulher de um deles), mas atravessei o dia incólume porque sou, no fundo, uma menina boazinha - e tinha namorado. Enfim, ri muito e exercitei ao máximo meu lado lúdico - tudo o que a gente mais precisa e merece, nessa vida.
sábado, novembro 04, 2006
Cachorradas
Devo admitir pra vocês que ter um cachorro é um sonho secreto que vai e volta na minha cabeça, mas sempre descarto o plano: se eu não tomo conta direito nem de mim mesma, imagine de um cachorro! Ainda assim interajo com os bichinhos, especialmente os viralatas - que refletem bem a minha essência.

Uma vez, na época de faculdade, saí debaixo de chuva do Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Ia andando com meu amigo Alessandro e de repente dei um grito: quase pisei numa coisa escura e molhada, que achei ser um rato. Não era: era uma cadelinha bebê, desgarrada da mãe. Pensei comigo: se ficar aqui sozinha, na chuva, vai morrer. Enrolei a bichinha na toalha que trazia na mochila (era dia de educação física) e enfrentei um Candeias-Dois Irmãos lotado com ela no colo, fazendo gréia: por favor, dá licença, preciso passar com minha filha. Chegando em casa, minha mãe quis comer meu fígado, até que esclareci que não queria ficar com a coisinha, e que no dia seguinte arrumaria um dono pra ela. Aí mamãe sossegou e até ajudou a dar leite e mantê-la quentinha. No outro dia, fui cedo pra faculdade, me plantei na frente do prédio e perguntei a cada ser vivente do CAC se não queria levá-la pra casa. Acabei descolando um interessado, ao qual passei meses inquirindo sobre o estado de Neguinha, quando o encontrava de passagem. Com isso fortaleci, perante os olhos de Alex, uma imagem de sensível e humana que não descolou mais de mim, mesmo passados tantos anos.
De outra feita, estava voltando da UFRPE - de uma farra, certamente. Era quase meia noite, eu estava sozinha no ponto de ônibus, e uma viralatinha fêmea, raceada com cachorro-salsicha ('daschund'), parou, me encarou e ficou fazendo companhia. Largada, solitária, abandonada, a bichinha me comoveu até o âmago do meu ser ligeiramente alcoolizado. Quando o ônibus passou, zupt!, cedi ao impulso e carreguei a danadinha comigo. De tão semelhante a mim, batizei-a de Igual.
Igual tinha um cheiro horroroso, mijou na sala, chorou a noite inteira, soltou pêlos pela casa, roeu o pé da mesa e eu me desesperei e acabei trancando-a no banheiro. Em dois dias, arrumei um novo dono pra ela e pude suspirar aliviada. Estava livre, afinal...
O que não quer dizer que vou desistir da minha carreira de defensora dos oprimidos e da minha nobre intenção de ter um cachorro, um dia. Mas de preferência, antes quero uma casa com um belo quintal!
sexta-feira, novembro 03, 2006
O risco

O risco não é só um traço
É a distância entre um prédio e outro
A diferença entre o pulo e o salto
O risco é riqueza e asfalto a percorrer
Pode ser a pé
Pode ser voar
O risco é o bambo da corda solta no ar
Dentro dele cabe cálculo
Cabe medo e incerteza
Cabe impulso instinto plano
O risco é a pergunta te atacando ao meio-dia
É o preço do sonho pra virar realidade
É a voz das outras gentes testando a tua vontade
Aceitá-lo é saber que não existe
Estrada certa
Linha reta
Vida fácil pela frente
Mas que asa
Asa
Asa
Só ganha quem planta no escuro do braço
Essa semente de poder voar
(Maria Rezende)
quinta-feira, novembro 02, 2006
Dia de Finados

Ausência

quarta-feira, novembro 01, 2006
Cinco manias
