quinta-feira, setembro 28, 2006

Aviso: estamos em construção


*Alea jacta est: só devo voltar a postar depois da semana que vem. Pepinos profissionais, detalhes sentimentais, tanta coisa pra resolver que nem sei por onde começar. Torçam por mim!

segunda-feira, setembro 25, 2006

Contagem regressiva


Hoje ele me contou do frio na barriga, da coisa estranha que bate nele quando pensa que em poucos dias vai estar diante de mim. "Como é que vai ser? O que é que vou te dizer? O que é que eu vou sentir? Como vamos reagir?" Eu ri porque estou do mesmo jeito, agoniada. Passo e repasso diante do espelho, achando que estou mais feia, mais velha, mais gorda, mais isso ou mais aquilo, quando racionalmente sei que estou igualzinha e não deu pra mudar tanto assim, desde janeiro. Tanta coisa que eu não sei se é de verdade ou é só como me lembro; eu preciso tirar a prova ao vivo. "Preto, eu não sei se te conheço mais", confessei pra ele. "A gente vai ter que se reaprender", foi o que ele me disse. Botei um monte de roupas velhas, as que ele conhece e lembra, na mala. Vou carregada de saudade. É só disso que sei.

Minha vida é uma partida ininterrupta de calvinbol:não segue a mesma regra duas vezes




* Não aguento mais surpresas nem instabilidade!

domingo, setembro 24, 2006

Conhecimento, partilha, indignação


Hoje foi o fechamento da série de palestras que andamos fazendo pelo interior de Pernambuco. Ao invés de professores, o público-alvo desta vez foram os mestres de diversos maracatus, a quem entregamos um exemplar de cada um dos três livros da coleção. Pensando nos encontros anteriores, quando alguns desses mestres (desiludidos com a falta de apoio e outros problemas) aproveitaram a ocasião para pressionar e criar polêmica, fui preparada para ver o circo pegar fogo.
Nada. Sentados e atentos como crianças da escola que a maioria não chegou a freqüentar, esses homens rústicos, quase todos analfabetos, olhavam fascinados os três professores 'da cidade grande' falando sobre quem eles são e porque são importantes. Quando abrimos o espaço para as perguntas, ninguém quis reclamar da vida. Um dos mais velhos pegou o microfone simplesmente para falar do fato de que os livros não poderiam ser de alguém específico, mas dos grupos como um todo. Outro colocou que iria tirar xerox, para poder mostrar aos filhos. Um terceiro me confessou que é 'dono' de um maracatu há quase 40 anos, mas hoje descobriu coisas novas sobre si mesmo que nunca havia imaginado. Vi dois deles combinando de fazer encontros periódicos na sede do grupo, para lerem em conjunto os livros, em voz alta, para aqueles que não sabem. Meu coração ficou apertado de vê-los folhear com curiosidade o meu livro, que tem 260 páginas e poucas figuras.
O brilho no olhar de cada um deles e a forma reverente de tocarem nos livros - símbolos da história de todos eles, da memória que ficará para os netos, e também de um conhecimento que lhes foi negado por nosso sistema educacional tão injusto - me emocionou profundamente, mesclando dentro de mim ternura, vergonha, desilusão e esperança.
A foto é do falecido caboclo Zé de Rosa, do Engenho Cumbe, símbolo de tantos outros artistas da região. Conheci-o em 1998, dançando maracatu, e além de sua ótima forma física, me impressionou a profundidade de seu olhar.

sábado, setembro 23, 2006

Mais um 23 de setembro


Tou precisando tanto de colo, tou precisando tanto de luz, tou precisando tanto dela. Procuro mamãe e só encontro os pedacinhos espalhados no mundo e dentro de mim. Já tem quatro anos que ela se foi, e a ausência dói do mesmo jeito, acho que não vai parar de doer nunca...
Os últimos dias estão sendo especialmente pesados, parece que eu entro numa espécie de inferno astral toda vez que o aniversário de minha mãe se aproxima. Quero tomar fôlego e não consigo, é muita coisa pra eu dar conta sozinha.
Ontem fui pra casa de Guida chorar e no meio da conversa sentimos um cheiro muito forte de lavanda. Tá, pode ser que alguma vizinha tenha aberto um vidro de perfume, de madrugada. Mas me confortou a idéia de que era ela, pertinho de mim.

sexta-feira, setembro 22, 2006

O sabonete que te alisa embaixo do chuveiro...






*Aqui algumas fotos de quando Luiza era (mais) bebê, provando que ela gosta de água desde sempre. "Tchau, preguiça, tchau sujeira, adeus, cheirinho de suor... Banho é bom, banho é bom, banho é muito bom de tomar!" Hehehe.

Drummond (de acordo com Fabiana)


"Existem mil razões para não amar uma pessoa, e só uma para fazê-lo. Esta prevalece"
Apud Dona Nina

terça-feira, setembro 19, 2006

Vexaminosa


Tou cada dia mais cara de pau, Deus do céu! Esqueci o livro-texto da aula de segunda feira trancado num armário da faculdade. O danado custa mais de R$ 50 e eu não tinha nem a quem pedir, nem pra que comprar uma duplicata. Resultado: botei o caderninho embaixo do braço e rumei pra Livraria Cultura, onde sentei calmamente num sofazinho por cerca de uma hora, preparei minha apresentação e ainda cumprimentei amigos e vendedores.
Ê vida. Hehehe!
*A foto acima foi tirada durante o lançamento do meu livro, lá na mesma livraria. Praticamente minha casa!

segunda-feira, setembro 18, 2006

Uma música no meu juízo


One more kiss, dear
One more sigh
Only this, dear
It’s goodbye
For our love is such pain
And such pleasure
And I’ll treasure till I die
(...) Just as every autumn
Leaves fall from the tree
Tumble to the ground and die
So in the springtime
Like sweet memories
They will return as will I
Like the sun, dear
Upon high
We’ll return, dear
To the sky
And we’ll banish the pain and the sorrow
Until tomorrow
Goodbye

domingo, setembro 17, 2006

Ascendente em Gêmeos e Lua em Aquário...

Vendi meu carrinho uno-bala-prateado no começo de 2005, e comi o bichinho inteirinho durante os primeiros seis meses de Rio. Depois nunca mais tive dinheiro pra comprar outro automóvel e retomei minha vida de lisa, usuária de ônibus. Mas juro, às vezes até gosto de andar de coletivo. Coleciono histórias de presepadas...
Tem uma coisa que baixa em mim, que me dá vontade de me comunicar quando eu entro nos buzões, saber da vida alheia, estabelecer contato. Sério. Na época de faculdade, tinha meus amigos cobradores e motoristas, alguns até que não queriam me deixar pagar passagem e por causa disso, me faziam passar a maior vergonha. Outra mania que tenho é cantar no ônibus, e essa, quando eu namorava com um tocador amador de flauta doce, me fazia figurinha conhecida: bastava a gente sentar pra começar a desfiar o repertório. Não sei como nunca tivemos a idéia de pedir uns trocados aos passageiros.
Pior é que faço isso até hoje, sem pensar no que estou fazendo. Semana passada, voltando de Olinda de madrugada, peguei um ônibus lotado de adolescentes do sexo masculino, voltando de um show do Nação Zumbi. Estava sozinha, mas prontamente me juntei a eles, para gáudio da cobradora, e vim batucando e cantando até em casa – na parada, foi uma gritaria: eles queriam que eu os acompanhasse até o terminal no Sítio dos Pintos, onde a farra certamente ia continuar.
Ontem, voltando também de Olinda (ah, a cidade me inspira), junto com minha amiga Guida, lembrei de uma noite em que vinha com ela e mais dois amigos, cantando todos os jingles comerciais que podíamos recordar (tenho uma ótima memória auditiva, e amo as trilhas das Casas José Araújo, da Cremogema, da Varig, da Casa Lux Ótica e do Motel Jardim). Rimos um bocado. Aí lembramos do show de Flávio Venturini que rolou ontem, mas cuja entrada cara foi proibitiva para nós. Pronto, bastou. Começamos a desfiar o repertório do Clube da Esquina, até que uma figura meio estranha, uma mulher imponente e obesa, vestida a rigor com paetês no vestido e plumas no cabelo, virou para nós e começou a declamar as letras das músicas. Parecia aqueles programas de rádio, com tradução simultânea. Todo o ônibus virou para olhar e nós, impávidas, continuamos com o coro até que Cristina – esse era o nome dela – revelou-se uma cantora afinadíssima, com voz rouca de contralto, uma verdadeira Virgínia Rodrigues dos subúrbios recifenses. De arrepiar os cabelos, pessoal. Ela cantou umas quatro músicas, desceu e ficamos com pena de não ter pedido o telefone para marcar uma farra posterior.
Na baldeação para o outro ônibus, subiu um cara com roupa de capoeirista e berimbau na mão. Eu, que não tinha bebido uma gota de álcool mas já tava animadinha com a idéia de me socializar, virei pra ele e perguntei se ele não tocaria um pouco pra gente. “O show é oitenta reais”, falou o menino, e a gente chegou à conclusão de que ele tava a fim de grana pra ir assistir Flávio Venturini, ora bolas. Mas não desisti, olhei pra frente e comecei a cantar sozinha: “eu já vivo enjoado de viver aqui na Terra, oh mamãe eu vou pra lua, já avisei minha mulher, ela então me respondeu, nós vamos se Deus quiser, vam' morar numa casinha toda feita de sapé”... O cara deu um pulo, “onde você aprendeu isso?” Sem saber, cantei uma toada relativamente rara de capoeira, trazida para Pernambuco pelo grupo dele e gravada numa fita, há mais de dez anos, por minha amiga Bernadete – música que eu ouvi, aprendi e não esqueci, pois Mariana também é cultura, minha gente. Dete fazia parte da mesma escola do rapaz. Ele me interrogou mais de uma vez se nunca fiz capoeira (coitado, nem registrou minha excelente forma física), animou-se, montou o berimbau, puxou um corinho e viemos cantando feito três malucos. “Não esqueçam, meu nome é Nei, a gente vai se encontrar de novo”, prometeu, quando desceu no mercado de Casa Amarela.
É por essas e outras que, em boa parte das vezes em que eu subo num ônibus aqui das linhas que servem à minha casa, o motorista me dá boa noite e sorri.
**NOTA: o título do post se justifica pela minha capacidade esquizofrênica de ser múltipla. Acreditam que continuo de banzo? E que consigo ser triste quando estou alegre, e rir no meio da maior agonia?

Ciclotímica


Esta semana rompeu-se dentro de mim um diquezinho de tristeza que eu vinha represando desde o início do ano. Não vale a pena contar a causa, se é que houve uma única. Chorei três dias sem entender porquê, e sabendo exatamente a razão. Não, não estou na tpm. Nem grávida. Foi assim um chorinho póstumo de quem não se permitiu sofrer na hora certa, choro acumulado de saudade e de solidão, de chatice e vontade de ficar só no meu cantinho, de angústia e necessidade de colo.
Eu sou humana.
Depois meu coração parou de jorrar pelos olhos e eu saí pra comer churros no parque com minha amiga Guida. Céu azul, tarde limpa, vida clara. Andei por Olinda, com vontade de dançar. Cantei alto uma música de Pixinguinha. Puxei papo com dois desconhecidos no ônibus. Voltei pra casa, serena.
Eu sou humana.

sábado, setembro 16, 2006

Vento no litoral


Aonde está você agora além de aqui dentro de mim?

sexta-feira, setembro 15, 2006

Saudade


"Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?"

terça-feira, setembro 12, 2006

Das dádivas de ensinar


Entre as várias atribuições do cargo de professor, uma das que mais vem mexendo comigo é a orientação.
Lecionar é legal, tenho conseguido ter prazer em estar em sala de aula, trocar com os alunos, rir com eles: mesmo às vezes me estressando com a barulheira ou dispersão, de forma geral tenho feito esse trabalho de forma tranquila e, espero, gradativamente melhor. Depende do dia, depende da turma, depende do assunto.
Mas só este semestre comecei a orientar. São seis projetos, alguns individuais, outros coletivos. Não pagam muito bem, comparando à mão de obra que dá. Mas é uma experiência que não tem preço!
A analogia mais óbvia que tenho a fazer é a de que sou a parteira desses projetos por vir. O trabalho é preparado por eles, mas a mim cabe ajudar no processo, e sempre da forma perfeita - nem ativa demais, que interfira no produto em si, tornando-o
meu ao botá-los completamente sob minhas asas, nem omissa demais, o que causaria a 'morte' do futuro rebento.
Essa forma perfeita diz respeito à necessidade de cada um desses estudantes 'grávidos' de informação: eu não posso nunca ser igual com todos eles, pois cada um precisa de mim de forma diferente. E é isso que me angustia e emociona. Acho que é um momento especial também para mim, esse momento de partejar idéias, respeitar ritmos, cortar excessos, preservar belezas, estimular produções, incentivar, vibrar junto, doar, receber.
Mais que nunca lembro de como me senti, quando era 'primípara' e Tina, minha orientadora da graduação, cometeu atos desatinados, 'anti-profissionais', chegando a me hospedar em casa durante uma semana para compensar um período de pouca produção. Mais que nunca lembro de como me senti quando Salett, minha orientadora de mestrado, soube me deixar livre para tomar minhas próprias decisões metodológicas, o que foi essencial na construção do meu trabalho. Mais que nunca penso em Afonso, meu orientador de doutorado, e na paciência que vem demonstrando, num momento em que me sinto confusa e perdida e pouco interessante/interessada.
Quem quiser ache piegas, mas acho que é um momento de dádiva. E quando eu participo dele, devolvo o que recebi, recebo o que me doam, e me integro num todo tão grande, meu Deus, que não posso deixar de agradecer.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Trocando de pele


Às vezes eu queria que existisse uma pílula, uma máquina, um ritual, uma forma qualquer de 'mudar de corpo' com as pessoas, de forma temporária ou definitiva. Aí eu ia pegar a carcacinha filé de certas amigas minhas - aquelas reclamonas sem motivo, lindas que se dizem feias, magras que se dizem gordas, perfeitas que se dizem defeituosas - e barbarizar pelo mundo por, pelo menos, um fim de semana. O perigo é eu não devolver mais depois, e elas se verem obrigadas a ser e estar Marianas pelo resto da vida!

Eu sou uma mulher-colar


Façam o teste...

domingo, setembro 10, 2006

Lágrimas de chuva


São 03h20 da manhã e há poucos minutos consegui entrar em casa. Perdi a chave durante o show de Isaar, onde aliás reinou um clima pesadíssimo, deu ladrão e deu polícia no Pátio de São Pedro.
Cheguei no prédio correndo, morta de vontade de fazer xixi... e quando cheguei na porta, quedê minha chave? Deus nessa hora foi bom porque, pelo menos, a vontade do xixi passou. Ainda bem. Porque foram mais de duas horas de perrengue.
Tentei telefonar pra meu irmão Gabriel, pra ver se ele trazia uma cópia da chave pra mim. Meu celular tava descarregado. O do porteiro, sem crédito. Liguei a cobrar, Gabriel atendeu duas vezes sem me deixar completar, e por fim meteu na caixa postal. Desesperada, sem carro, sem ter onde comprar sequer um cartão telefônico nas redondezas, tentei em vão ligar pra Debinha, pra Dadá, pra várias pessoas: ou não atendiam de cara, ou desligavam quando viam que era ligação a cobrar.
Aí lembrei que tem um chaveiro na entrada da favela Ilha das Cobras, aqui perto de casa. Fui lá, a pé, sozinha, na chuva, andando de madrugada por um beco perigoso onde durante o dia já costuma haver vários assaltos. Deixei a bolsa com o porteiro e fui, pois não tinha outro jeito, ninguém iria resolver nada por mim. Lá chegando, as pessoas não queriam me dizer onde era a casa do cara. Acabei arrumando o celular do homem e ligando a cobrar pra ele (!), que atendeu, foi em casa, abriu a porta, trocou o miolo da fechadura, e me levou R$ 50 para os quais eu tinha melhores planos.
A sensação pior foi sentir que não tinha a quem recorrer, que eu tinha que fazer mesmo tudo sozinha, mesmo cansada, com medo, com vontade de chorar, mesmo chorando silenciosa no meio da chuva forte. Forte é o adjetivo que colam em mim, quando não sou, ou só sou porque não tem outro jeito. E já que não tem, mesmo cuidando mal de mim mesma, vou me virando como posso.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Minha nega Zabá


Sábado, 09 de setembro, no pátio de São Pedro, será o lançamento do primeiro disco solo de Isaar, minha amiga, ex-cunhada, para sempre irmã - cantora talentosa e percussionista de mão cheia. Quem nunca ouviu, procure os trabalhos anteriores (com a banda Comadre Fulozinha e com DJ Dolores). Tou curiosa e feliz de ouvir o cd novo.
Estarei lá, na primeira fila, tentando como de praxe irritá-la e desconcentrá-la berrando Isaaaaaaar, gostooooooooooooooosa.

Alerta vermelho


Primeiro eu não podia sair mais à noite, que encontrava com algum deles nos lugares mais imprevistos. Ou, pior ainda, chegava na aula e escutava: professooora!, eu lhe vi... e a criatura completava a frase com algum evento suspeito, situação extravagante, momento queima-filme.
Por causa deles, fiz uma seleção das comunidades comprometedoras do Orkut, onde mais da metade dos meus contatos é formada por alunos das duas faculdades e seis turmas onde lecionei.
Ontem, na aula de Mídia Digital, quando dei por mim quatro deles estavam fuçando no meu blogue, rindo da lista absurda do que fazer no supermercado. Ahã.
Deus meu, preciso tomar tento na vida. Está instituída a censura aqui no blogue. Só vou falar de receita de bolo e horóscopo. Ou da conjuntura jornalística internacional. Tenho dito!

Gláubi Arrocha


Descobri aqui no meu computador um programinha tosco chamado Windows Movie Maker. Foi o bastante pra cometer dois 'vídeos' (se é que merecem o nome): um deles com sobras das imagens de Rodrigo e Maria, e o outro transbordando de saudade, pieguice e narcisismo, feito pra Leo.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Falando em supermercado...

Minha prima Dione quase me mata de rir e de ternura, ao relembrar o dia em que, aos oito anos, foi ao supermercado com o nosso avô Oswaldo e, ao se ver sozinha, preocupadíssima, anunciou pelo alto-falante que quem encontrasse um velhinho de cabeça branca, perdido, levasse ele até a administração.
Eu também tenho as minhas historinhas dentro desse ambiente, mas as presepadas do gênero me lembram imediatamente dela, minha mãe, que adorava esse tipo de programa e tinha um jeito peculiar de estar no mundo.
Uma vez mamãe botou o coitado do meu irmão adolescente para adiantar as compras no caixa, enquanto buscava outros produtos. No carrinho tinha um monte de pacotes de absorvente, e ele começou a ficar agoniado, vem logo, vem logo, sem querer colocar os ditos-cujos na esteira. Oxe, meu filho, que besteira é essa?, o modess não é seu mesmo?, disse mamãe bem alto, matando definitivamente o pobre de vergonha.
Outra vez, no estacionamento, um cara enfiou-se mais rápido na vaga em que a amiga dela estava tentando fazer baliza. E ainda saiu fazendo gozação do fato. Muito calmas, elas pensaram em furar o pneu ou riscar a tinta do automóvel, mas tiveram uma idéia melhor: fizeram meu irmão menor e o amiguinho, que estavam bastante gripados, assoarem o nariz pelo carro inteiro. Vidro, porta e, especialmente, maçaneta, foram cobertos por uma camada espessa de gosma verde. E elas rumaram pra outro supermercado, às gargalhadas, certas de que nunca mais o cabra ia se meter a besta com nenhuma mãe de família.
Uma das últimas peripécias foi durante a inauguração de uma megaloja em Boa Viagem. Ela adorava liquidações. Estava separando umas bermudas baratinhas pra um dos filhos, quando uma mulher mal-educada tirou algumas peças já selecionadas do carrinho (!) e, diante da reclamação evidente, grunhiu um problema seu ou guerra é guerra. Mamãe ficou quietinha, deu uma volta no corredor seguinte, e voltou sorridente: você nem precisava ser tão mal-educada, lá na frente eles botaram uma gôndola com bermudas muito mais bonitas do que essas que você me roubou. A dona, estupidamente, largou as antigas e correu pra conferir. Claro que era mentira, claro que mamãe enfiou as bermudas de volta no carrinho, e claro que se divertiu muito dando bananas explícitas pra vilã enraivecida, da fila do caixa, devidamente cercada por vários filhos preocupados com sua integridade física.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Doze coisas pra se fazer no supermercado

Tou aqui morrendo de rir com a corrente enviada pra mim por meu amigo Raimundo. Deveria estar com preguiça de participar, mas meu lado mala-sem-alça não resistiu... Hehehe.
Primeiro, divirtam-se com a lista dele:

1. Pegar caixas de preservativos e pôr em vários carrinhos aleatoriamente, quando a pessoa estiver distraída.

2. Programar os despertadores para tocarem de 5 em 5 minutos.

3. Fazer um rastro com molho de tomate até o banheiro.

4. Abordar um funcionário e dizer Código vermelho na sessão de vinhos... e ver o que ele faz!

5. Ir ao apoio a clientes e perguntar se podem reservar um pacote de M&Ms.

6. Montar uma tenda na seção de camping, dizer aos outros clientes que vai passar a noite por lá. Convencer as pessoas atraentes a trazerem almofadas da seção têxtil e juntarem-se a você.

7. Quando um funcionário te perguntar se você precisa de ajuda, começar a chorar gritando: Por que é que vocês não me deixam em paz?!?!!?!?

8. Encontrar uma câmara de vigilância e usá-la como espelho enquanto tira catotas do nariz.

9. Procurar uma faca de trinchar bem afiada. Levá-la consigo durante todo o percurso das compras e ir perguntando aos funcionários se ali vendem anti-depressivos.

10. Deslizar pela loja com um ar suspeito, cantando o tema do filme Missão Impossível.

11. Quando alguém anunciar seja o que for no alto-falante, deitar-se no chão, em posição fetal, e gritar:
NÃÃÃO! As vozes! Outra vez as vozes!

12. Ir ao provador de roupa. Fechar a porta, aguardar um minuto e depois gritar:
Onde é que está o papel higiênico? Huh!


Agora, a minha:

1. Ir até a seção de colchões e testar um deles, dormindo por meia hora. De preferência vestindo uma camisola do setor têxtil. Ou não.

2. Ir até a seção de colchões e testar um deles, juntamente com uma companhia. Fazer comentários em voz bem alta sobre a espessura e densidade do mesmo e do resultado que isso trará ao desempenho do canguru-perneta. Exemplificar ativamente.

3. Trocar os tubos de pasta de dente Closeup por
KY gel. E vice-versa.

4. (Para os homens) Colocar uma berinjela dentro da calça e passear pelo recinto, assobiando ‘Killing me softly’. Tirar a berinjela e entregar à moça do caixa, gritando TCHARAM.

5. Soltar um pum na fila do caixa, gritando MÃOS AO ALTO.

6. Levar um abacaxi, um coco e uma garrafa de pitu à seção de presentes, e pedir pra fazer uma embalagem bem bonita.

7. Ir ao setor de devoluções com o prestobarba que comprou. Explicar que a primeira faz tcham e a segunda faz tchum, mas veio faltando o tcham-tcham-tcham
-tcham.

8. Ir à seção de apoio ao cliente e perguntar qual a melhor tintura para tingir os pelinhos de dentro do nariz.

9. Com uma corda de camping e uma bacia grande, improvisar uma roupa de tartaruga e sair rastejando pelos corredores.

10. Fazer uma pesquisa na fila da terceira idade sobre qual a melhor música pra se fazer um strip-tease surpresa.

11. Ir à seção dos eletrodomésticos e perguntar se têm o telefone do cachorrinho.

12. Testar todos os palitos de uma caixa de fósforo.
Repasso esta missão impossível pra Dione, Sean, Leticia, Queops e , além de meu irmão Gabriel e meus amigos Alan e Melguinha (que não têm blog).

domingo, setembro 03, 2006

Cariocas

De lá pra cá, em menos de um mês, duas duplas de hóspedes: Thaís e Tomé, e agora, Maria e Rodrigo.
Correria pra tentar ajeitar a casa e acolhê-los, meio sem jeito, do jeito que dá...
Falta de tempo pra ser cicerone como gostaria...
Tentativas nem sempre bem sucedidas de conciliar a anfitriã e a ermitã que em mim habitam...
Saudade aliviada quando vão...
Vazio cheio de presença que fica.
Nota: com alguns trechos filmados aqui, fiz um videozinho tosco - minha primeira experiência! - que está disponível no You Tube.

sábado, setembro 02, 2006

Neruda


E tuas mãos, como as minhas, roubarão as estrelas. E com pés entrelaçados, o corpo claro desta primavera.