sábado, abril 29, 2006

À espera...


Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos.
Ou a ausência deles. Duvida?
Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.

Guimarães Rosa (em "O espelho, Primeiras Estórias")

Mignon


Às vezes daria qualquer coisa pra ter 1,60m, 40kg, calçar e vestir 36, e ser uma mocinha delicada em vez dessa coisa estrompa que vos fala, e que tem por principal característica o fato de ser grande e mesmo assim não caber em si. Eu ia ser loura, de olhos azuis, do tipo ninfa-transparente-a-ponto-de-quebrar, e me chamar Larissa. Larissa é meu alter-ego, meu desejo secreto de ser frágil e feminina, no que o feminino tem de mais estereotipado.
Eu sei, existem diversos tipos de beleza e de mulheres no mundo. Mas às vezes a gente se chateia de ser superlativa: eu sou grandONA, bonitONA, tenho peitÃO, pezÃO, mãozONA, cada lapa de osso que vou te contar, e nem que eu emagreça tudo que tenho que emagrecer no dia que Deus quiser, não vou jamais ser pequenina. Esbarro nas coisas, derrubo tudo, porque confesso que não sei calcular bem o espaço que ocupo no mundo. Ô, mulher desajeitada! Quando era pequena queria fazer balé, mas hoje acho que seria uma avestruz no meio dos pintinhos...
Ninguém me dá colo; todos me acham ‘forte’. E a gente vai tentando ser ‘forte’ e dar colo aos outros, porque é o jeito e é o que esperam de nós. Uma vez, eu tive um namorado muito maior do que eu, e que me fazia me sentir menina junto dele. Numa das primeiras vezes que me viu, pra medir força, me levantou no ar por quase um minuto: foi a maneira que achou de me desafiar e eu tive muita raiva, mas por outro lado, gostei de me sentir indefesa, uma vez na vida...
Tá, ser grande tem suas vantagens. Até hoje nenhum trombadinha de rua se meteu comigo e eu alcanço os produtos da última prateleira do supermercado. Mas imprenso meu joelho no banco de trás do carro, não acho roupa e sapato em qualquer lugar, e me irrito por não conseguir passar despercebida. Qualquer referência – mesmo que na intenção de elogio - a qualquer parte ‘superlativa’ de mim pode facilmente me magoar, por ser verdade e não-modificável. E eu me sinto mal por ser tão boba e sensível.
Graças a Deus que não é todo dia em que me sinto assim. Às vezes, agradeço cada milímetro de mim. Eu duvido que minha alma funcionasse igual, dentro da carcaça de Larissa.

terça-feira, abril 25, 2006

Chiquérrima, poderosa, vitaminada

Ganhei uma comunidade no Orkut de presente de aniversário! Chama-se Fãs da Mariana Mesquita (foi um paulista quem criou, hehehe, por isso esse 'da'). Tá, tem muita gente que já recebeu esse tipo de homenagem. Mas não com um textinho primoroso desses de apresentação:

FÃS DA MARIANA MESQUITA ** Aviso: Este título é uma falácia.
Quando um ser humano é capaz de criar com suas palavras o tipo de enlevo que nos torna íntimos, este ser é incapaz de ter fãs. A ela restam os novos amigos cúmplices, que em curtos minutos investidos em letras observam o mundo pela janela do bonde com olhar de criança.
E o mundo lá fora aparece em cor na ponta destes dedos que recobrem faces e cutucam universos. A fala bendita que nasce do coração só é fala porque assim nasce, como um sopro, aos ouvidos de quem sabe ouvir.
De todos os títulos tombados em reconhecimento e gratidão, o único realmente digno de poesia é só Mariana.
Tão pensando o que? A moça aqui tá podendo!
(Beijo pra Dênis, o criador da comunidade, publicitário, zoiudinho e gente linda demais. É meu amigo há mais de ano, na comunidade das Balzaquianas: sou uma com orgulho, e não perco a chance de exercitar a boca grande também por lá...)

segunda-feira, abril 24, 2006

Trinta e três!



Completo amanhã 33 anos, ora me sentindo com 13, ora com 103 ‘primaveras’ nas costas. Meus defeitos e qualidades continuam e no fundo, em essência, sou eu mesma. Eu, filha do carbono e do amoníaco, monstro de escuridão e rutilância... Essa eterna mania de reclamar de tudo e ser dramática, essa necessidade perene de rir de coisas bobas e ser feliz a partir de quase nada. Já era tempo de ter criado juízo, mas não sei o que ele come, e por isso sigo quebrando a cara, mas sem deixar de me jogar. Acho que é a minha melhor característica, continuar confiando no mundo, apesar de e por tudo. Me deslumbrando com as coisas mágicas que a vida às vezes oferece. Me dando inteira, em troca de nada; e esperando o mundo, sem nada oferecer. Um dia, aos 12 anos, me descrevi num diário como “uma pessoa simples e complexa” - hoje, que aprendi a eliminar as redundâncias do meu texto, diria de mim: “uma pessoa”. Em mim, não cabem rótulos, o que sou vai além do tempo cronológico, que os aniversários celebram. Mas comemoro sim, minha fase balzaquiana, em que tento ser mais madura e me entender um pouco mais. É sempre um momento de fazer um auto-exame, procurar o que tem que ser mudado, o que precisa se aprofundar. E é com orgulho que eu digo 33, e tento escutar meu coração.

Luluca

Meus dois sobrinhos queridos! O amor pela coca-light, pelo visto, é hereditário!
Molequinha! Ela AMA o clipe da música de Madagascar:
Eu me remexo muito, eu me remexo muito...
Tá com tudo em cima, tá com tudo em cima...
A bebezinha da foto nasceu há 15 dias e chama-se Marina; é filha de Claudia (tia materna de Luiza).
Não sei não, fico imaginando o que poderá ter acontecido dez segundos após o clique...

segunda-feira, abril 17, 2006

Lenine


A curiosidade de saber
O que me prende? O que me paralisa?
Serão dois olhos negros como os teus
Que me farão cruzar a divisa?
É como se eu fosse prum Vietnã
Lutar por algo que não será meu
A curiosidade de saber, quem é você?
Dois olhos negros...
Queria ter coragem de te falar
Mas qual seria o idioma?
Congelado em meu próprio frio
Um pobre coração em chamas.
É como se eu fosse um colegial,
Diante da equação, o quadro, o giz
A curiosidade do aprendiz
Diante de você...
Dois olhos negros...

domingo, abril 16, 2006

Um cheiro pra Samuca, meu galego


Feliz aniversário, menino! Parabéns para quem gostar de você... Um cheiro bem grande, da prima coruja e fã de carteirinha do crocodilo mais doce da região metropolitana do Recife.

Ave Sangria


Não se iluda
Minha calma
Não tem nada a ver
Sou bandido
Sou sem alma
E minto
Minha casa é o reino do mal
O meu pai é um animal
Minha mãe há muito que enlouqueceu
Só resta eu
Com a minha faca e a minha nau
Sou pirata
Solitário
Sem mais nada
Sem bandeira
Sem espada
E o mar pra viver
Sangue e vinho derramados no convés
Sons de gaitas, violões e pés
Quando, de repente, surgem dez canhões
Era o Barba Negra
Com a sua turma e suas canções
Não me ame
Eu não quero
Ver você assim
Vá se embora
E eu não choro
Sei cuidar de mim
Eu não tenho todas essas ilusões
E apesar de ter tantos corações
Minha guerra nunca, nunca vai ter fim
Sim, sim, eu sei
Faço o meu sorriso, faço minha lei
("O Pirata", Marco Polo)

quinta-feira, abril 13, 2006

Aniversário do Sítio!

Um ano, já. Este espaço que começou como uma saudável inveja do blogue de Nininho, tomou vida própria e hoje comemora doze meses e mais de 550 posts de existência. Serviu pra eu manter o contato com os amigos do Recife, quando eu estava no Rio.Tem servido pra eu manter o contato com os amigos do Rio, agora que voltei. Mas, mais que isso, me trouxe amigos e muito mais prazer que trabalho. E, claro, alguns sustos, de descobrir pessoas insuspeitas que aqui passam de vez em quando. Faz parte...
Então, agradeço acompanhia de cada um de vocês, peço desculpas pela pieguice constante e fuleiragem esporádica, e prometo que vou continuar arriscando aqui meus passinhos, meio trôpega como um nenê que começa a andar, mas feliz de estar seguindo meu rumo. Um abraço enorme! Parabéns pra nós.

Feliz páscoa, e muito chocolate pra vocês!


terça-feira, abril 11, 2006

Amado amigo


Eu reclamo, faço pantinho, sou dramática, mas tenho amigos de verdade. E isso aquece o coração da gente... Vira e mexe, recebo uma prova de amor. Hoje foi Evandro, que veio junto com o primo Natanael arrumar a minha casa. Sim, pessoas: a toca tava um lixo. Sábado ele tinha passado aqui com Cris e as filhotas, e só levantou uma sobrancelha, decretou que estou deprimida (isso é fato, não sei se é causa ou consequência da zona), e hoje de manhã baixou por aqui. Colocaram meu sofá-cama no quarto do computador, a mesa no outro quarto, mudaram a posição de todos os móveis da sala. Não entendo de Feng Shui mas acho que quando a coisa é feita com carinho, uma energia boa flui. Fiz almoço pra eles. Ouvimos música a tarde toda. E fui dar aula à noitinha, notavelmente mais feliz.

Sylvinha


Tava de rosa, e cheirando a lavanda. Dedinhos pintados de esmalte: a manicure passou lá ontem.
-Oi, vó. Feliz aniversário!
Silêncio.
-Você sabia que é seu aniversário hoje? Quantos anos você está fazendo? É oitenta ou noventa?
Silêncio.
-Olha aqui seu presente. Toma!
Pega o pacote. Arranca devagar o primeiro pedacinho de durex.
-Tou com preguiça - sussurra baixinho.
-Tá, eu abro pra você. É um perfume, pra você ficar bem cheirosinha.
Silêncio.
-E aqui tem um ovo de Páscoa. Você gosta de chocolate?
A cara se ilumina com um sorriso, mas ela continua calada.
-Parabéns, viu? - e lhe dou um beijo.
-Quero mais cheiro. Um, dois, três, quatro! - fala rápido, e ri de verdade.
Deito com ela depois do almoço, ela sempre segurando na minha mão. Às 14h puxo o braço devagarinho, tenho que ir pro trabalho. E deixo aquela menininha de 91 anos dormindo serena, com os anjos.
Que Deus a abençoe.

segunda-feira, abril 10, 2006

Vovó


Minha madrinha, meu exemplo, minha amiga. Vovó Sylvia faz 91 anos hoje. E eu vou comemorar isso, o fato de poder, apesar de tudo, contar com a presença dela, de quem herdei as mãos compridas e o pavio curto. Vou dar-lhe um beijo, um perfume e um chocolate, que eu não sei nem o que comprar de presente pra ela. Torcer para que o Alzenheimer que a vem tomando de nós, aos pouquinhos, permita alguma interação e alegria. Quem sabe sairá uns minutinhos do mundo cinza em que se encastela, e será de volta minha vovó, com todos os seus defeitos e qualidades. Quem sabe vai me reconhecer. Quem sabe terá por um momento aquele olhar direto, vivo e puro, de criança, e não esse ar ausente e desamparado que me angustia. Vai então me dizer um poema de Casimiro de Abreu, ou cobrar minha presença, ou cutucar meu pé, ou simplesmente dizer com toda a alma, me fazendo inteira e feliz: Deus te abençoe, minha filha.

Fotolog

Estas imagens foram tiradas no Clube das Pás, na festa da Trela do Rey, na sexta feira passada. Fui arrastada, apelando pros meus brios, porque só cheguei em Recife às 0h30 e, na dita festa, às 2h da manhã, implorando por minha caminha, como minha cara evidencia. Mas foi uma delícia encontrar com um monte de amigos - as que aparecem na foto e mais Regina, Mana, Lidiane, Zé, Valdecarlos, Magna, Miquinha, uma pá de gente...
Acima, eu e Claudinha. Kesinha e eu. Márcia, Carol, Késia e Catarina.

sábado, abril 08, 2006

Musiquinha que estou cantando


Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim ?
Um ovo, dois ovos, três ovos assim !
Um ovo, dois ovos, três ovos assim !

Coelhinho maroto, que cor eles têm ?
Azul, amarelo e vermelho também !
Azul, amarelo e vermelho também !

Coelhinho da Páscoa, com quem vais dançar?
Com esta menina que sabe cantar !
Com esta menina que sabe cantar !

terça-feira, abril 04, 2006

Me gusta el chá-chá-chá

Tá, eu danço mal. De um jeito meu que ninguém imita. Nininho ri do meu samba até doer na minha alma. Sidclei diz que eu danço no contratempo. Eu tenho traumas de infância a respeito. Mas pra mim, a suprema felicidade é dançar, dançar até ficar fisicamente cansada, dançar até parar de pensar e sentir que eu sou só e apenas meu corpo, fluindo com a música. Fico feliz que nem criança e acho que por isso, apesar de mal, eu danço bem. Porque me entrego. Que nem disse meu primo Samuca: "toda vez que você sai e dança e esquece do mundo, arruma um paquera". Não sei se é por pena, ou se é porque eu brilho... Também, não quero saber.
Pois domingo eu saí pra dançar. Sinto falta, há muito tempo que não fazia isso. Teve show no Sítio da Trindade e me juntei com Isaar e Guida, e dancei coco, ciranda, maracatu, toré, afoxé, o escambau. Das 16 às 20h. Não satisfeita, quando a matinê acabou, peguei carona com um grupo de conhecidos, amigos de amigos, e fui pela primeira vez na vida pro Alto do Céu, uma comunidade de um morro aqui perto, dançar na Noite Cubana do Clube Belavista. Chão de madeira, música maravilhosa, gente heterogênea e animadíssima. Sentaram cinco rapazes e três moças na minha mesa, eu tava crente que tinha me dado bem, mas ninguém me tirava pra dançar. Cruzes. Bastante tempo depois chega um senhor velhinho da comunidade, negro, magrinho, de paletó verde, e pergunta se eu quero dançar com ele. Na hora!, pensei comigo. E fui. E me diverti, no maior respeito. Pra resumir, peguei seis pares nessa noite. Cheguei em casa de madrugada! Malemolência demais pra uma criatura só, hehehe.

sábado, abril 01, 2006

Luiza, sempre ela

Pensem numa festa lilás e pink, em flores, borboletas e doçuras. Minha cunhada teve trabalho, mas o aniversário de Luluca foi lindo, lindo. A danadinha se divertiu, buliu em tudo e estranhou pouco tanta gente em torno dela.

Quem quiser ver mais imagens, clique aqui. Agora, vou só mostrar pra vocês como é que uma fadinha faz pra transformar Mariana em boba...

Ranking

Hoje é primeiro de abril, e coincidência ou não resolvi postar a primeira parcial do teste aí abaixo. A campeã foi Claudinha!, 100% de acerto! Afe, eu não sabia que você me conhecia tanto assim, monstrinha!
Junto com Clau, com o mesmo score, está meu sobrinho Jink (leia-se meu irmão Gabriel, que depois de emplacar seus 70 pontos resolveu jogar novamente).
É por isso que não sei a validade do teste, do qual "participaram" Jink e um tal de "hehe". Mas que eu me diverti vendo o que as pessoas acham de mim, ah, eu me diverti - apesar de ficar meio fula, vendo que sou óbvia e dramática demais, como as respostas acertadas comprovam! Beijos pra vocês, meus amados. Bom saber que estão sempre por aqui...